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Um agente penitenciário foi mantido como refém no interior do CDP
Adriano Pereira/Meon
Após dez horas de motim, terminou a rebelião dos detentos no CDP (Centro de Detenção Provisória) do Putim, em São José dos Campos. De acordo com a SAP, o agente penitenciário que era feito de refém foi liberado por volta das 18h15. O GIR (Grupo de Intervenção Rápida) está na unidade para a organização dos presos nas celas. 
A rebelião teve início na manhã desta quinta-feira (26) e um agente penitenciário foi mantido como refém. De acordo com a apuração do Meon, os presos reivindicaram por melhores condições dentro do presídio.
“O motivo da rebelião é pedir por melhores condições no tratamento dos presos. As refeições são ruins, falta remédio, falta cobertor, falta roupa, sem falar da superlotação das celas. A família quando vem visitar é maltratada pelos agentes penitenciários e a revista íntima é humilhante”, afirma Elenita Sabadin, presidente da Afape (Associação de Familiares e Amigos dos Presos e Egressos).
Cerca de 100 pessoas estavam em frente do CDP desde o início da rebelião, em busca de informações de parentes e amigos detentos. Houve confusão enquanto os carros da Tropa de Choque e do GIR (Grupo de Intervenção Rápida) chegavam ao local e o vidro traseiro do carro de um agente penitenciário foi quebrado.
Policiais que faziam a contensão na estrada que dá acesso ao presídio contiveram rapidamente a confusão, sem realizar disparos ou precisar utilizar gás de pimenta. O Corpo de Bombeiros esteve dentro do CDP e conteve todos os pontos de incêndio no interior do presídio. A juíza Sueli Zeraik e a defensoria pública entraram na unidade para colherem as reivindicações. A unidade de São José dos Campos abriga 1.172 detentos. 
Relatos de familiares Os familiares e amigos de detentos que estiveram em frente ao CDP relataram à equipe de reportagem do Meon a indignação com a administração da penitenciária.
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Tumulto em frente ao CDP do Putim
Adriano Pereira/Meon
“As celas estão superlotadas. Em lugar onde cabem 30 presos ficam 42. Falta toalha para eles se enxugarem, falta cobertor, falta roupa e remédio. Eles são tratados como lixo lá dentro”, informa a mulher de um dos detentos.
“Na última semana meu filho foi comer e ficou com a boca toda cortada, porque tinha uma lasca de gilete no meio da comida dele. O pessoal sempre fala que acha pedaços de plástico na comida, isso quando não servem ovo podre”, disse a mãe de um dos presos, que estava aflita em frente ao CDP.
“Eles travam qualquer coisa que a gente tenta levar pra eles. Meu marido está sem blusa e chinelo, sem falar dos maços de cigarro que levamos pra eles que nunca são entregues, somem todos. Só que não podemos fazer nada, pois se eu reclamar eu pego ‘gancho’ e fico sem poder fazer visitas”, afirma a mulher de outro egresso da penitenciária.